Hermético?

Hermético: adj. 1. Inteiramente fechado, de sorte que o ar não possa entrar. 2. De compreensão muito difícil.

Quão difícil será invadir-me o Ar a abertura piriforme? E quem disse que o quero percorrendo o epitélio mucoso que reveste as minhas vias respiratórias? Talvez sua ausência me leve ao ébrio estado de lucidez tão desejado por aqueles de pulmões obliquamente vulneráveis. Creia! Do Ar anseio apenas a força para gritar. Desejo a necessidade orgânica de contrair meu diafragma e distender as minhas valéculas epiglóticas, contrair as minhas cordas vocais e relaxar o meu centro tendíneo em ritmos espásticos para sentir propulsões nos hiatos esofágico e aórtico. Apenas desejo o grito!
E de que me valeria sobrecarregar de forma absurda minha medula oblonga e meu nervo frênico se o quadríceps da coxa e flexor longo do hálux não acompanham tanta necessidade de aminas endógenas? Por que exigir tanto dos meus sarcômeros se a glicogenólise e a vasoldilatação simpática não serão satisfatórias?
Por isso opto pela Hipoxia. Uma acidose metabólica não faz tão mal assim. Em certos instantes é até preferível. É o suficiente para aturdir um pouco a hemodinâmica das minhas hemácias. E a escolho pois neste meu estado letárgico não me é necessário lembrar que onírica é a segurança fora da camada córnea que reveste meu corpo. Escolho com avidez na vaga esperança de que a ausência do Ar me faça perder a indispensável prudência, a qual prefiro ignorar quando utilizo exaustivamente as minhas áreas de Broca e Wernick e esqueço que devo abusar do meu Órgão de Corti e fingir não possuir músculo hipoglosso.
Apenas a Hipoxia! - na ânsia de que ela me seja amiga e imobilize meu Circuito de Papez, que parece ter sido fadado à incoerência e à tolice, ao ponto de me propiciar liberação de serotonina quando escrevo textos prolixos ou dedico horas a fio estudando os processos neurofisiológicos que tentam explicar por quê ser humano é tão hermeticamente divino.

- Loucura de um estudante de Medicina -

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Sede de Vazio

Necessito do nada que outrora eu temia,
Da crua leveza de um ausência sincera!
Hoje é - por completo! - aprazível companhia
O letárgico silêncio que ínvio me era.

O ruidoso sabor do qual tenho provado
Por afásica vida sequioso me fez
E os gritos áfonos por que fui sufocado
Levaram-me a um cômodo estado de surdez.

O vazio não mais meu espírito afeta!
E nesta fantasia silente e completa
Somente o exagero hipócrita me consome;

Livre num vácuo de sinfonias urgentes
- À procura da paz que o meu ser reinvente! -
Desejoso estou pelo sono, a sede e a fome.

Rafael Casal
31 de Dezembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Contumácia Degenerescente

Em tua ausência infinda acorrentado eu vivo!
Exauriste-me, incólume, a paz e o sono.
Como posso querer este amor putativo?
Lôbrega vontade sobre a qual me questiono.

Comigo estarás até o último suspiro!
- Certeza anacrônica com que eu me iludo -
No abúlico intento de livrar-me de tudo
Esqueço que sem ti eu sequer bem respiro.

Apesar de saber: Nosso sonho é obsceno,
De ser a tua boca na minha um veneno,
O teu calor necessito sem culpa ou pejo;

Permite o passado que a saudade eu suporte!
Mesmo sendo o teu corpo um caminho de morte
És o onírico mal que, afaimado, eu desejo.

Rafael Casal
20 de Novembro de 2008

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Como Matar Um Amor

Psicótico, arranque dos olhos a venda
E aceite a certeza de que nada é eterno!
Neste instante, então, abléptico compreenda
Que em demasia amar é a senda para o inferno.

Derrogue a saudade com demente prazer
- Felizes lembranças são ardis inimigos -
Se estólido pensares: -Não posso esquecer!
Impertérrito grite: -Eu preciso e consigo.

Fingir? - Não se abstenha quando exequível for
E o fim viverás deste maníaco amor
Mesmo antes do que tenha você esperado;

O conselho siga do que insigne te escreve:
Dilascere os medos e acredite que - em breve! -
Tudo apenas será um amorfo passado...

Rafael Casal
17 de Novembro de 2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Hemóstase

Em processo de cura ainda me apresento
Entretanto, por ti, eu não mais vou chorar.
Se incruento foi para você o findar
Confesso: agressivo me foi o sangramento.

Psicose hematófaga não mais me detém!
De você recolhi auto-amor visceral
Sim! Fostes para o meu corpo um séptico bem
E ao meu espírito? - Um inequívoco mal.

Coágulos extirparei! - Sei que consigo
Toda Paz e Silêncio eu tomo como abrigo
Ao meu hígido estado, o cuidado se soma!

Amei! E após sofrer infecta cirurgia
Eu estanquei a equimose que me afligia
E enfim me resta nada mais que um hematoma.

Rafael Casal
13 de Novembro de 2008

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eructação Mefítica

Finito foi todo sentimento agressor!
Com tua insípida ausência, agora, eu convivo.
Da vida ilidindo o que não posso supor
- Sem querer - degluti nosso fim vomitivo.

Neste ato nutriz, autofágico me afeta
O imo refluxo do teu beijo nauseante.
Tenho ácidos lábios e uma dor inquieta
Por rejeitar, adverso, o que o nojo suplante.

Cuspo o Tudo que hoje não me é quase Nada!
E apesar das cólicas por mim desejadas
Nosso ulceroso sentir ainda me espanta;

Ruminar devo o que deste sonho me resta:
Na língua o sabor de tua boca indigesta
E um dispéptico amor fixado na garganta.

Rafael Casal
11 de Novembro de 2008

domingo, 9 de novembro de 2008

Metástase

Ferido estou além do que havia esperado!
E o nosso incauto amor ainda me atormenta
Tenho, hoje, deste sonho como resultado
O corpo enfadado e a alma purulenta.

Neoplásico é o fim que - inopino - me alcança
Maligno findar do nosso imane tumor
Amor-displasia ao qual, ousando me opor,
Eu nutro, inerme, de vurmosa auto-matança.

E apesar de você não mais ter noite e dia
- De volta ao cárcere onde outrora me escondia -
Tua ubíqua lembrança ainda me alucina;

Tal sarcoma faz que o sofrer se protele!
Do teu corpo o calor persite em minha pele
E o teu cheiro impregnado levo nas narinas.

Rafael Casal
07 de Novembro de 2008

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Apoplexia

Eu não te esqueço! Não importa o quanto tente
E no fim desta história eu, infenso, acredito
Vivo então o vaticínio, em suma, predito:
Tenho - sem teu calor - o espírito doente.

Conviver não sei com este amor inextinto
Como seguir, se respiro a tua presença?
Sempiterno será o que por você sinto
- Mesmo que a tua pele não mais me pertença.

Agora, a cuidar da ferida eu me convido!
E cônscio estou de que meu erro descabido
Foi ter feito deste austero amor o meu tudo;

Apesar de saber que sem ti sobrevivo
Com teu corpo ausente em nosso sonho sativo
Simplesmente me encontro cego, surdo e mudo...

Rafael Casal
06 de Novembro de 2008

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Hipóstase Viciosa

Sofrer suporto! E de sonhar até me esqueço
Contudo súplice existir nunca eu aceito.
Por mais que ganhar seja, da perda, o começo
Encafuar-me, abnóxio? - Não tenho o direito!

Máximo desejo é bem viver todo instante,
Mas introjetar uma certeza eu preciso:
Atrelados - Sempre! - a imaculados sorrisos
Encontram-se, ostensivos, choros ululantes.

- Fugir! - Tudo a este impérvio fim me incentiva,
E desta justaposição adversativa
Capitosos sentidos sequer, hoje, eu invento.

Sentir? - Deixarei, quando, o que me consumia
Nada além for de uma aziaga dicotomia:
- Entender que, do amor, a alma é o sofrimento.

Rafael Casal
05 de Novembro de 2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Hemoptise

Faltou-nos - em tudo! - uma lógica simplista
E a capacidade de aproveitar o pouco
Só agora entendo, sangrando e quase louco:
Eterno é o sentir de quem, deveras, conquista.

Ainda sofro! E incipiente experimento
As consequências do nosso amor danifício
Hoje, deste estulto e ilibado sentimento
Tenho nas entranhas apenas o resquício.

Na alma guardo uma alegria sanguinolenta
- Esquecer é o presente de quem, adicto, tenta! -
Fim! Foi tudo somente um sonho singular.

Certo de que razões de dor cinéreas são
Aceito, escanso, uma hemorrágica ilação:
Doentilmente gosto, de você, gostar.

Rafael Casal
01 de Novembro de 2008

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Vagido

Com hígidas aparências não mais me engano,
Ferir-me? - Exige mais que golpes viperinos.
Dilascero, com vilipêndio, o que abomino:
- Paz plena eu desejo! Não me interessa o dano.

Meu depauperado olhar reflete o cansaço
Que minh'alma acomete enquanto eu sobrevivo!
Toda hedionda manhã, sequioso, eu renasço
Sem receio de um futuro dubitativo.

Em respeito ao meu sossego, num gesto audaz
Desprezo da vida o sonho que me compraz,
Por mais que por isto tenha eu muito esperado;

Rejeito, estrênuo, o que porventura me encante!
E encontra-se meu coração neste imo instante
Para visitações, por completo, fechado.

Rafael Casal
29 de Outubro de 2008

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ultimação Áfona

Revela o humano sua natureza obscura
No que em sua empáfia considera viver.
Desprezo o convívio de venéfico ser
Que aceita a condição de estulta criatura.

Uma impenitente conduta o mundo ensina!
Acorde e veja o vurmo da bestialidade:
Encerra a ignara criança uma alma vulpina
E busca o acerbo adulto outrem a quem malfade.

- Definhe aquele que infrene anda pela vida
E apodreça o que espera de mão estendida! -
Este é o albente afã que, à minha mente, avança.

Enfim, cansei desta realidade triste
E se Deus, em indelível verdade, existe
Não é o homem sua imagem e semelhança.

Rafael Casal
23 de Outubro de 2008

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Dispepsia

Engolir? - Soez escolha que eu não faria!
Reservo, às vísceras, o fastígio do nada.
Sempre que vejo, dos homens, a alma afaimada
Mais lícita se mostra a minha anorexia.

Digerir? - Permito a quem demência procura
Sanguinário ser de bulímico desejo
Reside em seus lábios saprófaga loucura
E uma morte sápida em seus olhos farejo.

Dos que, em seus dejetos, vivem um sonho inato
Abstenho-me de todo séptico contato!
Nojo emético tenho de quem não se asseia.

Existir nesta pústula despicienda
Supera o que eu queira ou mesmo compreenda:
- Precisa ter veneno correndo nas veias.

Rafael Casal
16 de Outubro de 2008

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Axioma Emérito

Nada mais é a vida que um álgido embuste!
De cavilosos sentimentos eu me isento.
Mesmo um amor que toda dignidade custe
Dissipa célere como areia ao vento.

Aqui sofrer? - Acredite: não vale à pena.
Sapiente é quem finge ser tudo um deleite!
Não tente entender! É fato, apenas aceite
Que a natureza humana é sádica e pequena.

Trata-se de uma escusada enxovia
Cuja imundície ardil - da paz - me demovia
E agora, da qual, todo receio eu esgano;

Aos que ao mundo vão em incúria singular
Eu, certo do que digo, lamento informar:
Não passa a felicidade de um ledo engano.

Rafael Casal
09 de Outubro de 2008

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Falácia

Eu sou feliz! Tenho um amor do qual me ufane
Indubitável sentir por nós mui bem-quisto
Hauriste-me da sujeira de um orco inane
Hoje, por ti, num edênico sonho existo.

Comigo estás! Escorreito é o que a gente sente!
Nossos olhos selaram o encontro de almas,
O calor do teu corpo ignescente me acalma
E respirar você me é suficiente.

Para esta idílica história, inerne, eu desperto!
Tua pele precípua eu preciso bem perto,
Viver sem teu beijo? - Uma idéia que abomino;

Completo sou por saber: Estás ao meu lado
Eu Te Amo! - Sei que sou, por inteiro, amado -
E toda eternidade é o nosso uno destino...

Rafael casal
05 de outubro de 2008

Cíbalo

Cansei do mundo! Ele não mais me aterroriza!
Parte não faço desta humanidade vulgar.
Por tais vidas? - Nada sinto além de ojeriza
Odeio a ironia dos que fingem me amar.

Nego faces que outrora julgava bonitas
E o veneno do amor-próprio eu experimento
Das minhas entranhas meu umbroso orgulho grita:
- Morram aqueles que gozam do meu lamento.

Sobreposto a toda esta emética baixeza
De uma coisa tenho indefectível certeza:
A mais opima felicidade Eu mereço.

Indiferente a quem em falso me elogia
Como alicerce da minha inane eufonia
Eu quero a Liberdade! Não me importa o preço.

Rafael Casal
02 de Outubro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mecônio

Uma elegia acampta não mais me contém!
Da morte dos sonhos a esperança renasce.
Em contraste a ubíquas luzes vindas de além
Eu trago sardônicos sorrisos na face.

As verdades capciosas prefiro esquecer,
Desejo da vida um saber adveniente
E apesar de enfim não tê-lo, mesmo que tente,
Concedo-me, de uma estóica existência, o prazer.

Abandono, equânime, meu esquife obscuro
E de um unívoco e perfulgente futuro
Componho este epítome com desvelo;

Escarmentado, eu mantenho os olhos abertos
Para uma eubiótica predita eu desperto!
E o mundo? - Sequer ouso tentar entendê-lo...

Rafael Casal
25 de Setembro de 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Eutanásia

Uma abstergente dor, sozinho, experimento
No intento de livrar-me desta acídia atrófica
De nada valem acéfalos argumentos
Para os meus sentimentos que excedem a lógica.

Nossa desventura foi completa em si mesma!
Mas sofrer por um sonho é um estado desvalido
Se o que confere, a este delírio, um sentido
É uma razão de existir doente e abantesma.

No ergástulo deste amor fora de hora
Meu espírito, afásico, apenas implora
A morte afaimada de um desejo silente.

Necessito abater toda abjeta alegria
E abster-me de crer em convicções mui sombrias!
Quer elas existam, quer eu, louco, as invente.

Rafael Casal
28 de Agosto de 2008

sábado, 23 de agosto de 2008

Soneto Erotomaníaco

De que me valem certezas absolutas
Se os meus lábios anseiam apenas os teus?
Tua pele permite que a descrença eu degluta
Por que fingir? - Sabes que o sonho não morreu.

O eflúvio doce do nosso amor atrevido
Dá-me, às narinas, respostas por quais anseio:
Comigo estás! Faz tudo perspícuo sentido!
Transcende esta estória a um egóico devaneio.

E por mais que para o mal que você me faz
Só exista uma justificativa edaz,
Minha ectópica razão diz: nunca desista!

Teus olhos confirmam o inefável desejo
- Que todos negam, mas evidente, em ti, vejo - :
Ter-me contigo num ébrio fadário altruísta...

Rafael Casal
23 de Agosto de 2008

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Cirurgia

Permito-me o conforto das linhas obscuras,
De olhos abertos eu não suportaria!
Sinto, imerso em minha opiófaga loucura,
No corpo a dor e no espírito a anestesia.

Eu rasgo a pele com psicótico objetivo:
Estrangular as minhas lembranças felizes.
Deve o corte ser preciso e definitivo
Para que nada reste além de cicatrizes.

No findar desta insólita carnificina
Eu percebo, em tudo aquilo que me alucina,
A pequice de um sentimento verdadeiro;

Vou esmagar, às vísceras, coisas estranhas
E arrancar com voracidade das entranhas
O amor fátuo que me devorou por inteiro.

Rafael Casal
18 de Agosto de 2008

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

No Casulo

Sinto os punhos machucados pelas correntes
E nada me ocorre a não ser gritos de dor
Comprimido por razões e anseios dementes
Meu espírito sobrevive apenas de amor.

Livro-me dos mantos sem respeito às etapas,
A pele seca arranco sem nenhum receio
E o medo de prosseguir que me sobreveio
Por entre os meus dedos corroídos escapa.

Nutrindo permaneço meu obnóxio sonho
Pois conseguir bem fazer ao que me proponho
Quero antes de uma perfeição obsoleta.

Vou vencer as paredes deste meu casulo
Os nós eu desfaço e as amarras estrangulo!
Breve livre voarei como borboleta...

Rafael Casal
08 de Agosto de 2008

domingo, 10 de agosto de 2008

Confissões Difíceis Pedem Folha Branca*

"Acabou! Aceito o veredicto objetado
E então entendo o exíguo motivo do fim:
Apesar de encontrar tudo apenas em mim
Sou a nítida acusação do teu pecado.

Não mais existe a necessidade da fuga!
O que outrora agrediu, sequer hoje amedronta
A mesma mão que amargas lágrimas enxuga
Se preciso for esmaga certezas prontas.

Agora, neste esquálido sonho incomum,
A tristeza e a alegria são apenas um.
Toda saudade? - Não passa de nostalgia;

Vejo, pelo exagero deste amor insano,
Que o meu terrível - mas não inválido! - engano
Foi ter acreditado que eterno seria. "

Rafael Casal
01 de Agosto de 2008


*Plágio: Frase de Carlos Drummond de Andrade!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Hermética Bolha de Sabão

No lugar mais seguro permaneço atento
Ruminando os sonhos que me foram roubados
No olhos a venda, fugindo, experimento
Pois sei que a segurança é apenas um estado.

Sorrateiro eu vago por entre as minhas dores
E delas arranco o puro e doce veneno:
A pequenez dos meus caminhos incolores
E a motivação por meus amores terrenos

Aqui estou, afogando em minha cabeça
Na intenção de que a dúvida desapareça
Muito certo de que nada nunca é em vão;

Sim! Estou submerso neste mar de loucura
De desejos sacros e vontades impuras
Preso em minha hermética bolha de sabão...

Rafael Casal
25 de Julho de 2008

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Soneto do Amor-Próprio

Percebo, em meu corpo, pelos cortes profundos:
Não posso ser um louco que apenas caminha!
Devo parar de secar os olhos do mundo
E só lembrar de enxugar as lágrimas minhas.

É hora de viver todo meu egoísmo
E arrancar de meu ser esta falta de brio
Vou levantar de uma vez deste escuro abismo
Já chega! Quero meu espírito sadio.

Com o meu orgulho ferido eu não mais aceito
Sofrer por dores que não me dizem respeito,
Agora rejeito tudo que há de ruim!

Vendo o definhar dos meus sonhos corrompidos
Eu estou verdadeiramente convencido
De que preciso mesmo é cuidar mais de mim...

Rafael Casal.
25 de Maio de 2008.